A The Document Foundation foi anunciada em 28 de Setembro de 2010. Até hoje, foi uma empreitada extraordinária, especialmente do ponto de vista do desenvolvimento. Nosso núcleo principal de desenvolvimento atraiu quase 400 novos desenvolvedores, e conseguiu atingir um amplo leque de objetivos definidos naquela data. Ainda temos muito a percorrer, mas o LibreOffice 3.5 – que chegará na semana que vem – será o primeiro lançamento que apresentará as “direções do desenvolvimento” da TDF, não somente para os geeks para também para os usuários finais: uma suíte office mais enxuta e mais limpa, com novas funcionalidades.
No Brasil, pela primeira vez, desde 2002 quando começamos a trabalhar no projeto OpenOffice, conseguimos em 2011 finalmente agregar linhas de código em C++ brasileiras ao projeto. Até 2010 nossa participação era somente na tradução da interface do usuário e no sistema de ajuda. Apesar de ser um esforço gigantesco feito por um punhado de voluntários, ainda era pouco para colocar o Brasil na lista do desenvolvimento do projeto de uma suíte livre de office. Nenhuma entidade brasileira foi capaz de se sobressair para ecoar a voz dos desenvolvedores brasileiros e ficamos com um software que não tinha sequer uma linha de C++ escrita no Brasil. Somente sua tradução.
Mas por que foi difícil até 2011?. Por três fatores que a TDF tratou de sublimar: O modelo de desenvolvimento anterior era centralizador, nas mãos de uma empresa cujos interesses comerciais (absolutamente legítimos, diga-se de passagem) priorizavam as demandas dos clientes sob contrato ao invés das demandas dos usuários e desenvolvedores independentes. Isso afetou tanto pela burocracia necessária que envolvia a cessão dos direitos de copyright ao parceiro principal, quanto impedia outras empresas de se acercarem do projeto por depender de infindáveis tratativas entre os seus advogados. Essa burocracia e cessão de direitos não era do agrado da maioria dos desenvolvedores independentes que tomavam contato com o projeto. A The Document Foundation, ao contrário, trata seus desenvolvedores de forma rigorosamente isonômica e aberta, tornando-a neutra em relação a interesses de seus participantes. Todos assim ganham com a neutralidade.
O segundo fator decisivo é que hoje o relacionamento das comunidades com a fundação é direto, sem intermediários, alicerçado no mérito individual para com o projeto LibreOffice, naquilo que o indivíduo contribuiu, desenvolveu ou promoveu a favor do projeto e do software, com respaldo dos seus pares através de um processo de admissão rígido e isento.
Finalmente a opção pela licença de uso do software, baseada no binômio LGPL/V3 e MPL (Mozilla Public License), cujo conjunto permite ampla utilização em produtos derivados do LibreOffice, mantida o retorno para o projeto de todas as melhorias feitas.
Se você estiver em Bruxelas para o FOSDEM, não deixe de nos conhecer no DevRoom no Building H ou passe no nosso estande no primeiro piso do BuildingK. O Infográfico que segue mostra uma como o modelo de desenvolvimento da The Document Foundation foi certeiro nos anseios das comunidades de desenvolvedores.
Você pode baixar um PDF ou um JPG do infográfico, para impressão ou publicação no seu website ou blog. De agora em diante, vamos atualizar mensalmente, acrescentando mais números assim que disponíveis.
Texto: OlivierHallot com contribuições de Ítalo Vignoli, do blog da The Document Foundation