Na 14.ª edição do Fórum Internacional Software Livre, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul e a The Document Foundation assinaram um protocolo de intenções com o objetivo de promover o desenvolvimento de políticas públicas de uso de padrões abertos nas administrações governamentais.
Isso aconteceu há quatro meses. Desde então, o governo gaúcho está trabalhando para tornar realidade a Lei 14.009/2012 –que define a adoção prioritária do padrão ODF – e a normatização do LibreOffice como aplicação padrão para textos, planilhas e apresentações, definida pelo comitê de Governança de Tecnologia da Informação e Comunicação (CGTIC).
Entre as ações realizadas para alcançar esses objetivos está a documentação de todos os desenvolvimentos, atividades e projetos relacionados ao tema. Isso já é uma grande novidade para projetos de implantação de padrões abertos e aplicativos livres como o LibreOffice, visto que, mesmo após tanto tempo de história no Brasil, a documentação destes projetos ainda é escassa. Não por falta de incentivo comunitário; pelo contrário. Eu, particularmente, há muito tempo insisto com os gestores das organizações que implementam o LibreOffice para que compartilhem a sua experiência e sei também que várias outras pessoas do projeto fazem o mesmo.
Apesar do esforço, a realidade é que as referências são poucas. É comum, por exemplo, ouvir de um interlocutor menos familiarizado as citações clássicas dos casos do Metrô de São Paulo ou do Tribunal Regional do Trabalho da 4.ª Região. Ao seu tempo, foram casos de sucesso merecidamente reconhecidos. No entanto, não é adequado que ainda sejam as principais referências depois de quase dez anos, considerando principalmente os últimos três anos de desenvolvimento acelerado do LibreOffice.
Pois bem, a documentação disponível já seria motivo para prestar atenção no projeto gaúcho. O que torna, todavia, as coisas mais interessantes é que esse conteúdo está sendo disponibilizado sob a licença GNU GPLv3, escolhida porque contempla adequadamente qualquer conteúdo, desde códigos de scripts até a documentação do projeto propriamente dita. Para o ecossistema, isso é uma grande contribuição, pois garante a possibilidade de continuidade do conhecimento, mesmo que no futuro o Governo do Rio Grande do Sul não esteja mais à frente disso.
Até o momento, o exemplo que melhor ilustra essa iniciativa é o Guia ODF. Este documento tem como objetivo servir de referência estratégica e técnica para projetos de adoção do padrão ODF com base no LibreOffice. Para torná-lo uma contribuição efetiva à TDF, ele possui versões em português e inglês. Para baixá-lo, basta visitar o site da Política TIC RS e clicar no banner Guia ODF ou clicar diretamente no link abaixo.
Melhor do que detalhar o conteúdo do Guia ODF é recomendar a sua leitura. É um documento dinâmico e ainda está na versão 0.2, por isso acompanhar a evolução do documento será importante para qualquer organização que tenha interesse na adoção de padrões abertos.
Tenho certeza de que esse será um documento muito útil para a comunidade e fico muito feliz por ter contribuído com grande parte do conhecimento que está no Guia ODF. Espero que outras organizações se interessem em juntar-se a nós para dar continuidade a esse trabalho. Seria mais um bom sinal do avanço que tem caracterizado o projeto LibreOffice no Brasil desde a sua criação.
Gustavo Pacheco, em 13/11/2013.
Referências: