Entre os dias 21 e 23 de novembro, participei da Python Sul (PySul) 2025 em Porto Alegre [1]. A PySul é uma conferência comunitária que conecta pessoas apaixonadas por Python e tecnologia. Desde 2017, percorre os estados do Sul do Brasil com edições anuais em diferentes localidades da região.

O evento reuniu entusiastas e profissionais de Python para explorar diversas aplicações como desenvolvimento web, ciência de dados, inteligência artificial, automação e DevOps, promovendo aprendizado, networking e troca de experiências. Foi minha primeira vez em um evento da comunidade Python e saí de lá muito contente pela energia e entusiasmo dos organizadores e participantes. Todos estão de parabéns!
No segundo dia do evento, entre as apresentações da manhã, tive a oportunidade de realizar um lightning talk sobre um tema que tenho abordado sucessivas vezes nos últimos meses.
Como chairperson do Membership Committee da The Document Foundation, uma das minhas principais motivações tem sido a de aumentar a participação latino-americana no LibreOffice. Duas frentes significativas nesse objetivo são os projetos Google Summer of Code e Outreachy. Para ambos os projetos, é preciso ser franco: a participação está muito aquém do potencial que sabemos que existe aqui.
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Não é por falta de atrativos. No Google Summer of Code [2] as bolsas chegam a aproximadamente 6 mil dólares, com mentoria técnica de desenvolvedores nos projetos de software livre mais relevantes do mundo.
Já o Outreachy [3] é um programa de estágios remunerados focado em aumentar a diversidade no software livre e na tecnologia. Criado especificamente para apoiar pessoas de grupos sub-representados na tecnologia (incluindo mulheres (cis e trans), pessoas trans de todos os gêneros, pessoas não-binárias e pessoas negras, indígenas e de outras etnias marginalizadas).
E aqui está um dos nossos maiores desafios: precisamos de candidatas e candidatos! O projeto existe justamente para ampliar a diversidade no software livre, e a falta de participação feminina e de outras minorias é algo que precisamos mudar urgentemente. Quando temos inscritos, frequentemente falta a qualificação necessária para a aprovação.
Este não é um problema exclusivo do LibreOffice. Projetos como o GNOME e Fedora, que também tem presença forte na América Latina, enfrentam o mesmo desafio. Há uma opinião geral entre os projetos que o talento existente aqui não está aproveitando as oportunidades disponíveis no ecossistema global de software livre.
Acredito que o maior problema é que há um desconhecimento general sobre esses programas no ambiente universitário latino-americano. Por isso, é muito importante que as informações sobre esses projetos alcancem os professores e as coordenações de cursos da área tecnológica.
Estamos falando das bases de formação dos nossos futuros profissionais de TI: engajamento, conhecimento em língua estrangeira, conhecimento em programação e competência de comunicação para um projeto global. Hoje, Ásia e África, que apresentam cenários sócio-econômicos e de formação muito heterogêneos, possuem mais participantes do que nós. Esperamos que o cenário possa ser outro em breve e que mais latino-americanos não só sejam aprovados mas aproveitem essas oportunidades como um salto pessoal e profissional.
[1] https://sul.python.org.br/
[2] https://summerofcode.withgoogle.com/
[3] https://www.outreachy.org/